Menu Fechar

Alfabetização e autismo

Alfabetização e autismo

        O autismo é um transtorno de desenvolvimento que pode afetar a maneira como a criança desenvolve a linguagem, se comunica, brinca e se relaciona com outras pessoas.
        Como o autismo afeta a linguagem, isso pode ter um forte efeito no processo de   alfabetização e na compreensão da leitura, trazendo dificuldades no desenvolvimento acadêmico de forma geral.     
        Essas dificuldades podem iniciar e estar relacionadas a diferenças no desenvolvimento emergente dos pré-requisitos ainda nos anos pré-escolares. É necessário examinar a relação entre habilidades emergentes de alfabetização, habilidades cognitivas e de linguagem, gravidade do autismo e fatores do ambiente escolar e domiciliar.
         Infelizmente as crianças com TEA não chegam precocemente aos serviços de atendimento psicopedagógico, normalmente as crianças encaminhadas já passaram por uma ou duas tentativas fracassadas de alfabetização e, além de não terem aprendido a ler, já apresentam vícios e defesas emocionais relacionadas ao processo todo. Um dos motivos disso acontecer é a confusão feita acerca da capacidade da criança em aprender. Como essas crianças podem mostrar facilidade nas habilidades relacionadas ao código, como conhecimento do alfabeto e memorização, cria-se uma expectativa que está tudo bem e que o processo está seguindo da mesma forma que com as outras crianças, entretanto a criança fica presa nessa fase, já que apresenta dificudades significativas nas habilidades de alfabetização relacionadas ao significado.
                Obviamente, existe uma grande variabilidade de quadros de autismo. Algumas crianças não falam (não-verbais), enquanto outras podem falar, mas tem alterações de linguagem ou ainda crianças com habilidades linguísticas mais fortes, podem se concentrar e aprender determinados tópicos, mas têm dificuldade em entender ideias abstratas.
                Pesquisas demonstram que pessoas com autismo são relativamente melhores no processamento visuo-espacial. Isso pode explicar por que as crianças com autismo podem ter dificuldades com a instrução verbal ou a decodificação do texto escrito, mas tem avanços com instruções que incorporam dicas visuais que correspondem perfeitamente ao texto com que estão trabalhando.
                No que diz respeito à leitura, quando a criança com autismo já consegue ler palavras e frases, o ambiente de aprendizagem precisa ser organizado para que a instrução de leitura seja estruturada e previsível. As lições precisam seguir um formato previsível para que a criança se familiarize e se sinta confortável com o programa de aprendizado e saiba o que esperar, logo adotar modelos de texto que sejam claros e concisos, com apresentação de fatos e conceitos pode promover o interesse da criança na leitura.
               Diferentemente do trabalho com os outros alunos, os textos precisam ser preparados sem as figuras de linguagem e expressões de sentido figurado, nesse sentido, é um grande desafio encontrar material adequado para a leitura, e normalmente precisamos realizar adequações para que a criança tenha aproveitamento do conteúdo.
              O atendimento psicopedagógico apresenta técnicas e estratégias para desenvolver, paulatinamente, o nível e potencial da interpretação de textos e de leitura, para que a criança avance em todo processo. Entretanto o maior desafio é despertar o desejo e o prazer de ler com essas crianças, visto que a criança só buscará (como os pais almejam) o conhecimento através da leitura, se esse processo for positivo e prazeroso, logo, além de ensinar a ler, ainda é preciso fomentar a necessidade e a alegria da leitura.

Gilmênia Bueno

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *