Menu Fechar

O Autismo, a Análise Aplicada do Comportamento e as Métricas

        Métricas e indicadores são dois termos muitos comuns quando falamos de planejamento de um trabalho. Ambos ajudam a medir e quantificar os resultados da operação, e oferecem o embasamento necessário para avaliarmos e revisarmos o trabalho em andamento. Quando trabalhamos com desenvolvimento de pessoas não poderia ser diferente, são as medições sistematizadas que transformam uma descoberta científica em ferramenta ou tecnologia para serem utilizadas além dos laboratórios experimentais.
        A métrica ou mensuração de dados dos estímulos realizados é um componente essencial de qualquer trabalho de análise aplicada do comportamento (ABA). Inclui a coleta de dados sobre os estímulos, a frequência e as respostas dadas. Os dados são de informações factuais do trabalho feito com a criança.
       A coleta e a análise de dados são a base de um trabalho bem feito com ABA, pois, são eles que fornecem as informações necessárias para avaliar se o processo todo está funcionando: se o estímulo está sendo oferecido na frequência programada, se condiz com os objetivos programados e se os reforçadores são eficazes, logo, o maior mérito de mensurar tudo isso é oportunizar mudanças nos estímulos sempre que necessário.
       Quando temos uma criança que não está respondendo sabemos que três coisas podem estar acontecendo: ou não oferecemos um estímulo/atividade suficientemente bem estruturado e atrativo, ou os objetivos foram erroneamente escolhidos, sem que ela tenha alcançado os pré-requisitos, ou o reforçador não está sendo eficaz.
       Em suma, a atribuição pelo avanço é sempre da equipe que trabalha, tiramos da criança a responsabilidade sobre seu progresso, como deve ser, já que nenhuma criança escolheria ficar em uma situação desvantajosa, e desse ponto de vista admitimos e tomamos para nós a responsabilidade de manipular positivamente o ambiente e todas as outras variáveis para promover a aprendizagem, o bem-estar e a melhora da qualidade de vida dessa criança.
        Quando trabalhamos com Análise Aplicada do Comportamento precisamos escolher que dados darão suporte para o trabalho. Depois que os objetivos são estabelecidos vamos criar um modelo de anotação que contemple dados como: a frequência que o estímulo vai ser oferecido, a duração mínima da atenção da criança na atividade, o intervalo entre estímulo-resposta-reforço, quem e onde será aplicado o estímulo, quando mudaremos o aplicador e o ambiente, quando reduziremos o reforço de forma intermitente, qual a meta alcançada para iniciarmos o processo de generalização do comportamento alvo, ou seja, vamos garantir que a criança mantenha a resposta com ou sem os reforços sociais, diante de qualquer pessoa ou lugar, nesse momento consideramos que a criança já naturalizou aquela aprendizagem ou comportamento, incorporando-o no seu dia a dia.
         As metas definidas no planejamento podem e devem envolver toda a equipe terapêutica e educacional da criança. Isso porque podemos ter como alvo, comportamentos que queremos diminuir (agressões, autoagressões, gritos, birras, lesões pessoais, etc.) ou comportamentos que queremos introduzir, ou aumentar (solicitações, leitura, escrita, contagem, rituais de estudo, comportamentos sociais, etc.).
         Assim fica claro que quanto mais pessoas envolvidas estiverem capacitadas, mais progressos teremos. Isso não é possível com apenas um profissional habilitado. Em um cenário ideal realmente temos um profissional de base que vai supervisionar o plano geral, e outros que vão auxiliar na execução dos estímulos, a criança se beneficiaria se a Terapeuta Ocupacional, por exemplo, utilizasse ABA para, em parceria com a família, ensinar e ajustar a aprendizagem das AVDs (atividades de vida diária), a professora fosse treinada para estímulos específicos no âmbito acadêmico, enfim cada elemento da equipe pode atuar em objetivos específicos.
        ABA precisa deixar de ser um mistério, um segredo. Os pais devem ser consultados na elaboração do planejamento dos objetivos, e ter acesso aos dados das sessões, dos ajustes e dos avanços, bem como serem orientados para atuarem na generalização. Quem pretende encarar o desafio de atuar nessa área deve saber que vai precisar encarar muitas horas de estudo e leitura, muitas supervisões e reuniões, muitas capacitações e treinamentos, e ainda assim, saber que não estará totalmente pronto, que precisará buscar ciência, continuamente.

Gilmênia Bueno

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *