Muitas escolas estão trabalhando na busca de inclusão, entretanto, oferecer a aquisição de conceitos concomitantemente, com o processo de alfabetização é o grande desafio que enfrentamos no ambiente escolar.
Aprendizagem adaptada, ou ensino adaptável, é a entrega de experiências de aprendizagem personalizadas, que atendam às necessidades únicas de um indivíduo, através de feedback, caminhos e recursos para atingir um objetivo específico.
Ainda há muita confusão entre ensinar conceitos e oferecer avanço no modelo de escrita e leitura da criança. São dois momentos totalmente diferentes e que devem ser tratados e estimulados de forma diferente pela equipe escolar. Logo temos esse grande desafio: garantir a aprendizagem curricular e oferecer atividades compatíveis com o nível de atuação da criança, que fomentem o seu avanço na aquisição da leitura e da escrita.
Podemos ter uma criança que não lê e não escreve, mas que pode ter aproveitamento dos conteúdos curriculares, aprender reter e aplicar na vida diária, sem, contudo, dominar o processo de leitura e escrita.
Então a escola se vê nessa encruzilhada: como ensinar os conteúdos curriculares para a criança que ainda está em processo de alfabetização e como ensinar para crianças não leitoras? Devido a esse modelo ainda vemos muitas crianças que tem seu potencial de aprendizagem subjugado por não dominar a leitura e escrita, assim corremos o risco de ter alunos que, além de não lerem, também não adquirem conteúdos e conceitos básicos do ensino fundamental.
Uma escola esclarecida sobre isso vai buscar as adaptações e flexibilizações de conteúdos ou conceitos para garantir que a criança tenha acesso aos mesmos, e concomitantemente, vai oferecer a continuidade do processo de alfabetização, com instrução específica, de acordo com o nível funcional da criança, para que ela avance também nesse quesito e, conforme a criança vai adquirindo capacidade de lidar com o código escrito, também podemos melhorar e ofertar novos modelos.
A questão é que nosso modelo de ensino é totalmente baseado na capacidade de ler e de dar feedback na forma escrita. Oferecemos o texto, a argumentação do professor e logo depois as atividades que exigem ler e dar respostas escritas, e é então, neste momento, que a criança começa a ficar para trás e deixa de avançar com o grupo.
Temos ainda dois pontos cruciais em relação ao conceito de adaptação e flexibilização. O primeiro é compreender que adaptar e flexibilizar conteúdos não é deixá-lo menor e mais fácil, ao contrário, é torná-lo mais claro, mais atrativo e mais funcional. O segundo é considerar que talvez essa criança precise de mais estímulos e uma frequência aumentada da exposição a um tema, para assimilá-lo.
Pensando assim seria producente termos uma equipe que discuta os dois momentos que serão ofertados e enriquecidos para essa criança: o momento de aproveitamento de conceitos e conteúdos curriculares e o momento de estimular o processo de aquisição da leitura e escrita. Em alguns momentos, com muito preparo e criatividade, conseguimos oferecer alguns recursos que possibilitam trabalhar esses dois aspectos juntos, entretanto, isso não é possível o tempo todo e, mesmo assim, precisamos cuidar das duas necessidades, e uma não pode subjugar a outra.